Gênesis 1:20

 
Disse também Deus: "Encham-se as águas de seres vivos, e sobre a terra voem aves sob o firmamento do céu".

1. Introdução

Gênesis 1:20 marca o início do quinto dia da criação, quando Deus ordena a existência da vida animal nos mares e nos céus. Esse momento representa uma transição significativa dentro do relato da criação, pois é a primeira vez que seres vivos são mencionados. Até esse ponto, Deus havia formado o ambiente – os céus, a terra, a luz, a separação das águas e os luminares – preparando tudo para a chegada da vida.

A introdução dos seres aquáticos e das aves revela a intencionalidade e a diversidade da criação divina. As águas, antes vazias, agora se tornam habitat de incontáveis criaturas marinhas, e o céu passa a ser habitado pelas aves que voam sob o firmamento. Esse versículo destaca a abundância e a fertilidade da criação, demonstrando o cuidado de Deus em estabelecer um ecossistema equilibrado e interdependente.

Além disso, o quinto dia prefigura um princípio essencial das Escrituras: a vida é um dom de Deus e reflete Sua sabedoria e poder criativo. Essa fase da criação também antecipa o papel da humanidade, que posteriormente receberá a responsabilidade de governar e cuidar dos seres vivos (Gênesis 1:26).

2. Contexto Histórico, Cultural e Literário

No contexto do Antigo Oriente Próximo, diversas culturas antigas possuíam mitos de criação em que o mar e os céus eram povoados por criaturas divinas ou caóticas. O relato bíblico, no entanto, se distingue ao apresentar um Deus soberano que cria e ordena a vida por Sua palavra, sem necessidade de luta contra forças primordiais. Aqui, Deus não apenas forma os habitats, mas também os preenche com vida, demonstrando Seu poder criador e Seu controle absoluto sobre toda a existência.

Do ponto de vista cultural e religioso, a criação dos seres vivos no mar e nos céus refuta crenças pagãs que atribuíam divindade a criaturas marinhas ou aves sagradas. Em muitos povos antigos, animais como serpentes marinhas ou águias eram vistos como manifestações de divindades ou forças cósmicas. No relato de Gênesis, porém, essas criaturas são apenas seres criados que cumprem um papel no equilíbrio da criação, sujeitos à ordem divina.

Do ponto de vista literário, o versículo segue o padrão da criação, onde Deus primeiro estabelece uma ordem e depois a preenche. O mar e os céus, criados anteriormente, agora recebem seus habitantes. A expressão "encham-se as águas" enfatiza abundância e fertilidade, enquanto "voem as aves" destaca o dinamismo e a mobilidade da vida que agora passa a existir. O uso do verbo “disse” (וַיֹּאמֶר, vayomer) reforça o padrão da criação por meio da palavra divina, enfatizando que Deus cria com intencionalidade e propósito.

Essa estrutura literária fortalece a sequência lógica e progressiva da criação, mostrando que Deus cria de forma ordenada e funcional, estabelecendo um equilíbrio entre os elementos naturais e os seres vivos.

3. Interpretação Teológica do Versículo

“E disse Deus” – O Poder Criador da Palavra Divina

A expressão “E disse Deus” aparece repetidamente no relato da criação, destacando o poder absoluto da palavra divina. O próprio ato de falar traz a existência aquilo que antes não existia. Isso está em consonância com o ensino de João 1:1-3, onde Jesus é identificado como o Verbo por meio do qual todas as coisas foram feitas.

A Abundância da Vida no Mar – Reflexo da Benção Criacional

A ordem "encham-se as águas de seres vivos" revela a natureza abundante da criação de Deus. O verbo hebraico “sharatz”, que significa “fervilhar” ou “multiplicar em abundância”, sugere que a vida marinha foi criada com grande diversidade e fertilidade, refletindo a generosidade e a provisão de Deus. Esse mesmo princípio será aplicado à humanidade em Gênesis 1:28, onde Deus ordena que os seres humanos “frutifiquem e se multipliquem”, enfatizando que a multiplicação da vida é um reflexo da bênção divina.

As Aves e o Domínio do Firmamento – Ordem e Propósito

A criação das aves para povoar os céus complementa a estrutura da criação. Primeiro, Deus separa e organiza os espaços (o céu e os mares), e depois os preenche com vida. Esse modelo demonstra que Deus não apenas cria, mas organiza cada elemento da realidade com propósito.

Além disso, as aves frequentemente possuem um simbolismo espiritual na Bíblia. Em Mateus 6:26, Jesus ensina que Deus cuida das aves do céu, mostrando Sua provisão. No Pentecostes, o Espírito Santo é representado por uma pomba (Atos 2:3-4). Isso reforça a ideia de que Deus sustenta Sua criação e que toda a vida aponta para Sua glória e cuidado soberano.

A Criação dos Seres Vivos e a Grandeza da Obra de Deus

O quinto dia marca um ponto crucial na criação, pois é quando os primeiros seres vivos são trazidos à existência. Antes, Deus formou o ambiente; agora, Ele começa a preenchê-lo com criaturas que interagem com esse espaço. Isso antecipa o propósito da criação, que culmina no ser humano, feito à imagem de Deus.

O Salmo 104:24-25 ecoa esse versículo, louvando a sabedoria de Deus em encher os mares com incontáveis criaturas. Essa passagem nos ensina que a criação não é fruto do acaso, mas da intenção amorosa de Deus, e que toda a natureza reflete Seu poder e glória.

4. Exegese Detalhada

“E disse Deus” (וַיֹּאמֶר אֱלֹהִים | Vayomer Elohim)

  • וַיֹּאמֶר (Vayomer) – “E disse”, um verbo no tempo perfeito que expressa a autoridade absoluta de Deus ao falar e trazer à existência tudo o que ordena. No relato da criação, Deus cria por meio da palavra, enfatizando Seu poder soberano.
  • אֱלֹהִים (Elohim) – Nome divino que denota majestade e pluralidade de poder, reforçando a autoridade de Deus na criação.

“Encham-se as águas de seres vivos” (יִשְׁרְצוּ הַמַּיִם שֶׁרֶץ נֶפֶשׁ חַיָּה | Yishretzu hamayim sheretz nefesh chayyah)

  • יִשְׁרְצוּ (Yishretzu) – “Que fervilhem” ou “que se multipliquem em abundância”, do verbo sharatz, que transmite a ideia de proliferação e multiplicação massiva. Essa palavra aparece em contextos que enfatizam grande fertilidade e crescimento espontâneo.
  • הַמַּיִם (Hamayim) – “As águas”, indicando que o ambiente aquático foi projetado para ser cheio de vida. A criação dos animais marinhos representa a ativação do ecossistema dos oceanos, mostrando que a vida surge segundo a ordem divina.
  • שֶׁרֶץ (Sheretz) – “Criaturas rastejantes” ou “seres pequenos que se movem rapidamente”, referindo-se a peixes, répteis marinhos e criaturas aquáticas diversas.
  • נֶפֶשׁ חַיָּה (Nefesh Chayyah) – Literalmente “ser vivente” ou “alma viva”, indicando que essas criaturas possuem um princípio vital, distinto dos elementos inanimados criados anteriormente.

“E sobre a terra voem as aves” (וְעוֹף יְעוֹפֵף עַל-הָאָרֶץ | Ve’of ye’ofef al-ha’aretz)

  • וְעוֹף (Ve’of) – “E aves”, termo genérico para todas as criaturas aladas, incluindo pássaros, insetos e outros animais voadores.
  • יְעוֹפֵף (Ye’ofef) – Verbo que significa “voar de um lado para o outro”, enfatizando movimento contínuo e liberdade. Essa palavra transmite a ideia de dinamismo e autonomia no voo das aves.
  • עַל-הָאָרֶץ (Al-ha’aretz) – “Sobre a terra”, indicando que as aves foram criadas para habitar o céu, mas interagindo com o mundo terrestre, reforçando a conexão entre os diferentes domínios da criação.

“Sob o firmamento do céu” (עַל-פְּנֵי רְקִיעַ הַשָּׁמָיִם | Al-pnei reqi’a hashamayim)

  • רְקִיעַ (Reqi’a) – “Firmamento” ou “expansão”, termo que pode ser entendido como a abóbada celeste, conceito presente no pensamento cosmológico antigo. Aqui, descreve o domínio do céu como um espaço para as aves.
  • הַשָּׁמָיִם (Hashamayim) – “Os céus”, referindo-se ao espaço acima da terra, onde as aves desempenham seu papel na criação. O céu na Bíblia é frequentemente símbolo da presença e grandeza de Deus (Salmo 19:1).

5. Pessoas / Lugares / Eventos

1. Deus

O Criador soberano que traz à existência os seres vivos por meio de Sua palavra. Seu poder e autoridade são evidenciados na ordem para que as águas e os céus se encham de vida.

2. As Águas

O domínio marinho, que Deus ordena a ser preenchido com uma diversidade de criaturas. As águas, que antes eram um espaço vazio, agora se tornam um ambiente cheio de vida e movimento.

3. Criaturas Vivas

Seres aquáticos, incluindo peixes e outros animais marinhos, que passam a habitar os mares e demonstram a riqueza e a abundância da criação divina.

4. As Aves

Os seres criados para povoar o céu, refletindo a criatividade e o propósito de Deus ao dar a cada criatura um habitat adequado.

5. O Firmamento do Céu

O espaço acima da terra onde as aves voam, demonstrando a divisão da criação em diferentes domínios e a organização do universo estabelecida por Deus.

6. Pontos de Ensino

1. A Soberania de Deus na Criação

Reconhecer que Deus é a autoridade suprema sobre toda a criação. Sua palavra traz vida e estabelece ordem no universo.

2. A Diversidade da Vida

Apreciar a variedade e a complexidade da vida que Deus criou, refletindo Sua criatividade e sabedoria ao projetar cada ser vivo com um propósito único.

3. A Responsabilidade de Cuidar da Criação

Como administradores da criação de Deus, somos chamados a cuidar e preservar o meio ambiente e as criaturas que habitam a Terra.

4. Confiança na Provisão de Deus

Assim como Deus sustenta as aves do céu e os seres marinhos, podemos confiar que Ele suprirá todas as nossas necessidades.

5. Adoração ao Criador

A beleza e a complexidade da criação devem nos levar a adorar e glorificar a Deus, reconhecendo Sua grandeza e amor manifestos na natureza.

7. Implicações Teológicas

1. Deus como Fonte de Toda Vida

Este versículo reafirma que Deus é a origem e sustentador de toda forma de vida. Ele não apenas cria, mas também determina os ambientes e propósitos de cada ser. Isso reforça a dependência de toda a criação em relação ao Criador, alinhando-se com passagens como Salmo 104:24-30, que exaltam a obra criadora de Deus.

2. A Ordem e a Estrutura da Criação

A sequência do relato da criação evidencia que Deus é um Deus de ordem, e não de caos (1 Coríntios 14:33). Antes de criar os animais, Deus preparou seus respectivos habitats. Isso demonstra um propósito inteligente e uma estrutura bem definida na criação, o que refuta ideias de um universo aleatório e desprovido de sentido.

3. A Criação Como Reflexo da Sabedoria Divina

O fato de Deus criar ambientes distintos para diferentes tipos de vida reflete Sua infinita sabedoria. Cada elemento da criação cumpre uma função específica dentro do equilíbrio ecológico. Esse princípio teológico também aparece em Jó 38-39, onde Deus desafia Jó a reconhecer a complexidade e perfeição de Sua obra criadora.

4. O Propósito Relacional da Criação

A criação dos animais aquáticos e das aves não acontece isoladamente, mas em um contexto relacional. Os seres vivos não são criados para existir de forma independente, mas para interagir dentro de um ecossistema equilibrado, demonstrando que a criação de Deus é interconectada e interdependente.

5. O Dom da Vida Como Expressão da Graça de Deus

A vida, em toda a sua diversidade, é um presente da graça divina. A abundância e a multiplicação da vida no mar e no céu mostram que Deus é um provedor generoso, que deseja que Sua criação prospere. Esse princípio se aplica à redenção espiritual em Cristo, que veio para dar vida em abundância (João 10:10).

8. Aspectos Filosóficos

1. A Origem da Vida e o Princípio da Causalidade

A criação dos seres vivos nos mares e nos céus levanta uma questão filosófica fundamental: qual é a causa primária da vida? O relato bíblico atribui a origem da vida a um Criador Inteligente, que traz a existência por meio de Sua palavra. Esse conceito se alinha à filosofia aristotélica, na qual Deus pode ser visto como o Primeiro Motor Imóvel, a causa não causada de tudo que existe. Diferentemente de explicações naturalistas, que sugerem que a vida emergiu de processos aleatórios, o texto de Gênesis apresenta um Deus intencional, ordenado e proposital, estabelecendo um universo funcional.

2. O Princípio da Teleologia – Propósito na Criação

A criação dos peixes para os mares e das aves para os céus sugere uma ordem teleológica (finalística), ou seja, cada ser criado possui um propósito específico dentro do ecossistema. Essa visão está em contraste com concepções existencialistas, como as de Sartre, que argumentam que a vida não possui um propósito inerente. Na tradição cristã e filosófica clássica, tudo o que existe aponta para um propósito maior, que se desdobra dentro do plano divino para a criação.

3. A Dualidade Entre Ordem e Caos

A introdução da vida no cosmos reflete um processo contínuo de ordem sobrepondo-se ao caos, um tema recorrente na filosofia. Enquanto mitos antigos descrevem a criação como resultado de uma luta entre forças caóticas, Gênesis apresenta Deus criando de maneira estruturada e ordenada. Platão, em sua obra Timeu, fala sobre um "demiurgo" organizador que impõe ordem ao universo, ideia que ressoa com o relato bíblico, onde Deus cria e dá função a cada elemento da realidade.

4. A Hierarquia da Criação e a Questão do Valor Intrínseco

A criação dos seres vivos no quinto dia sugere uma progressão na complexidade da criação. Primeiro vieram os ambientes, depois os luminares, e agora os primeiros animais. Isso levanta um debate filosófico sobre a hierarquia da existência. Tomás de Aquino, em sua Teoria do Ser, argumentava que existem diferentes graus de perfeição na criação, com os seres humanos no topo da hierarquia devido à sua racionalidade e à sua capacidade de se relacionar com Deus. Esse princípio também se conecta à visão aristotélica da “escala do ser”, onde há uma progressão de complexidade e propósito entre os seres vivos.

5. A Conexão Entre a Natureza e o Conhecimento Divino

A vastidão da criação, desde os peixes nos mares até as aves no céu, reflete a grandeza do Criador. Essa percepção nos leva ao conceito da teologia natural, defendida por filósofos como Agostinho e William Paley. O argumento do Design Inteligente sugere que a complexidade e a funcionalidade da vida apontam para um Criador racional e intencional, uma ideia que ressoa com o que vemos em Gênesis 1:20. Esse pensamento também ecoa em Kant, que afirmava que a ordem do cosmos sugere um princípio ordenador transcendental.

9. Aplicações Práticas e Reflexões Contemporâneas

1. A Responsabilidade Humana na Preservação da Vida

A criação da vida nos mares e nos céus destaca a diversidade e a complexidade dos ecossistemas criados por Deus. Como seres humanos, temos a responsabilidade de cuidar e preservar o meio ambiente, garantindo que os recursos naturais sejam utilizados de forma sustentável. A destruição de habitats marinhos e a poluição do ar são desafios contemporâneos que exigem uma resposta ética baseada na mordomia cristã da criação (Gênesis 2:15).

2. A Abundância da Vida Como Reflexo da Generosidade Divina

Deus encheu os mares e os céus com inúmeras criaturas, demonstrando Sua generosidade e providência. Da mesma forma, podemos confiar que Deus nos abençoa abundantemente e supre nossas necessidades diárias (Mateus 6:26). Esse princípio nos convida a viver com gratidão, reconhecendo que tudo o que temos vem Dele.

3. A Interconectividade da Criação e o Valor da Cooperação

A vida nos mares e nos céus não existe isoladamente, mas em um sistema interdependente e equilibrado. Assim como os ecossistemas dependem de diferentes organismos para funcionar, nós também dependemos uns dos outros em sociedade. Isso nos ensina a importância da colaboração, do respeito e do trabalho em conjunto para um mundo mais harmonioso.

4. A Beleza da Criação Como Chamado à Adoração

A vastidão dos oceanos e a imensidão dos céus apontam para a grandiosidade de Deus (Salmo 19:1). A contemplação da natureza pode nos levar a uma profunda adoração, reconhecendo a grandeza do Criador. Em um mundo acelerado e tecnológico, tirar tempo para observar e valorizar a criação pode fortalecer nossa espiritualidade e nossa conexão com Deus.

5. O Valor de Cada Ser Vivo na Criação

Cada criatura, grande ou pequena, tem um propósito na ordem divina. Isso nos ensina que cada vida é valiosa, incluindo a nossa. Em um mundo que frequentemente mede o valor humano pelo desempenho ou status, o plano de Deus mostra que cada indivíduo tem importância, propósito e um papel na criação.

10. Conclusão

O versículo Gênesis 1:20 marca um momento significativo no relato da criação, quando Deus começa a preencher os ambientes que preparou anteriormente. Ele ordena que os mares sejam povoados com vida e que as aves encham os céus, demonstrando Sua soberania, criatividade e provisão abundante.

A criação da vida nos mares e nos céus reforça o princípio da ordem divina na natureza, onde cada ser é colocado em seu habitat adequado para cumprir um propósito. Esse relato se opõe às concepções mitológicas das culturas antigas, nas quais os elementos da natureza eram frequentemente deificados. Aqui, a narrativa bíblica deixa claro que Deus é o Criador absoluto, e a criação serve ao Seu propósito e não o contrário.

Esse versículo também antecipa verdades espirituais importantes. A presença abundante da vida reflete a generosidade de Deus e Sua capacidade de prover não apenas para a natureza, mas para toda a humanidade. Além disso, a diversidade da criação aponta para a beleza e a complexidade do plano divino, onde até os menores detalhes são planejados e sustentados pelo Criador.

Na perspectiva filosófica e teológica, a separação entre os domínios da criação sugere uma ordem teleológica, onde cada criatura tem um lugar e um propósito. A estruturação do cosmos reafirma a ideia de um Criador inteligente, que não apenas estabelece a existência da vida, mas também determina seu funcionamento.

Por fim, esse versículo nos convida à adoração e à responsabilidade. Ao reconhecermos a grandiosidade da criação de Deus, somos chamados a louvar o Criador e a sermos bons administradores do mundo que Ele nos confiou. Que possamos refletir sobre a maneira como cuidamos do meio ambiente e como valorizamos a vida em todas as suas formas, sabendo que tudo foi criado para a glória de Deus.

 

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